segunda-feira, 20 de junho de 2011

O fruto do guaraná



Inventores da cultura do Guaraná, os Sateré-Mawé transformaram a Paullinia Cupana, uma trepadeira silvestre da família das Sapindáceas, em arbusto cultivado, introduzindo seu plantio e beneficiamento. O guaraná é uma planta nativa da região das terras altas da bacia hidrográfica do rio Maués-Açu, que coincide precisamente com o território tradicional Sateré-Mawé.
O guaraná é o produto por excelência da economia sateré-mawé, sendo, dos seus produtos comerciais, o que obtém maior preço no mercado.
A primeira descrição do guaraná e sua importância para os Sateré-Mawé data de 1669, ano que coincide com o primeiro contato do grupo com os brancos. O padre João Felipe Betendorf descrevia, em 1669, que "tem os Andirazes em seus matos uma frutinha que chamam guaraná, a qual secam e depois pisam, fazendo dela umas bolas, que estimam como os brancos o seu ouro, e desfeitas com uma pedrinha, com que as vão roçando, e em uma cuia de água bebida, dá tão grandes forças, que indo os índios à caça, um dia até o outro não têm fome, além do que faz urinar, tira febres e dores de cabeça e cãibras".


© Sônia da Silva Lorenz


O comércio do guaraná sempre foi intenso na região de Maués, não só o realizado pelos Sateré-Mawé, mas também pelos civilizados. A procura deste produto deve-se às propriedades de estimulante, regulador intestinal, antiblenorrágico, tônico cardiovascular e afrodisíaco. No entanto, é como estimulante que o guaraná, depois de beneficiado, é mais procurando, pois contém alto teor de cafeína (de 4 a 5%), superior ao chá (2%) e ao café (1%).
Existe uma distinção entre o guaraná de excelente qualidade beneficiado pelos Sateré-Mawé - chamado guaraná das terras, guaraná das terras altas e guaraná do Marau - e o guaraná beneficiado pelos civilizados na região de Maués, chamado guaraná de Luzéia - antigo nome desta cidade -, de qualidade inferior porque produzido sem os conhecimentos e apuro das práticas tradicionais dos índios. O guaraná das terras sempre foi o mais procurado e, no entanto, os Sateré-Mawé vendem, no máximo, duas toneladas do produto por ano, e apenas nos anos de excelente safra. Já o guaraná de Luzéia, muito inferior, é produzido em larga escala; só uma empresa de comercialização do produto em Maués afirma vender 40 toneladas anuais



Preparo e consumo do Guaraná


O çapó, guaraná em bastão ralado na água, é a bebida cotidiana, ritual e religiosa, consumida por adultos e crianças em grandes quantidades. O preparo e consumo do çapó seguem uma série de práticas que somadas resultam em uma sessão ritual. A natureza do ritual de consumo do guaraná é, porém, diversa da de um ritual formal, como são a da Festa da Tocandira ou a da leitura do Porantim. Uma sessão de çapó foi descrita por Anthony Henman: "Essas práticas são essencialmente as mesmas em todas as circunstâncias, tanto se o çapó for preparado para o círculo familiar mais íntimo, ou para um encontro de todos os homens adultos durante uma festa ou reunião política. Cabe à mulher do anfitrião ralar o guaraná, operação feita com uma língua de pirarucu ou uma pedra lisa e quadrada de basalto. Uma cuia aberta da espécie Crescentia cujete é colocada em cima de um suporte chamado patauí e enchida de água até um quarto do seu volume total. A ação de 'ralar' o guaraná molhado não busca a transformação do bastão em pó, como ocorre com o guaraná seco.
Antes, trabalha-se o guaraná para que se forme uma baba, uma viscosidade que adere ao ralo e ao pedaço do bastão em uso, sendo dissolvida n'água mediante a periódica submersão dos dedos da raladora.
Depois de preparado, o çapó é de novo diluído com água guardada ao lado da "dona" do guaraná em uma cabaça da espécie Lagenaria siceraria. A cuia, já a essas alturas cheia até um pouco mais da metade de çapó, e entregue pela mulher ao seu marido, que toma apenas um pequeno gole antes de passá-la aos outros presente, normalmente prestigiando os mais velhos ou alguns visitantes importantes, se os houver. Daí em diante, a cuia passa de mão em mão observando a proximidade física dos participantes, e não um rígido esquema de hierarquia, sendo acompanhado durante as sessões noturnas por um grande cigarro de tabaco enrolado numa casca de árvore. O nome tauarí indica tanto o cigarro feito, como a casca e a própria árvore (Couratari tauary).
Nem sempre a cuia e o tauarí fazem uma volta circular, sendo mais comum que passem em uma linha reta de um participante ao próximo, voltando pela mesma linha até chegar de novo nas mãos do dono. Quando são muitas as pessoas presentes, observa-se a formação de duas ou mais linhas deste tipo, já que uma só cuia raramente é tomada por mais de oito ou dez pessoas. O participante que não tiver muita vontade de tomar guaraná não irá rechaçar a oferta da cuia, mas manterá as formalidades, bebendo um golinho mínimo para não ofender o anfitrião. Outro detalhe importante é que ninguém acaba a bebida que tiver na cuia, e mesmo se receber uma quantidade mínima, cuidará de deixar sempre um resquício para devolver ao dono. Só este é que tem o direito de encerrar formalmente a sessão de çapó; o que ele pode fazer pessoalmente, ou passando o restinho para um membro de sua família, acompanhado pela frase wai'pó ("olha o rabo").
Durante o intervalo em que a cuia circula entre as pessoas presentes, a mulher do anfitrião continuará esfregando o pedaço de guaraná contra o ralo, juntando uma baba que será prontamente dissolvida na água assim que a cuia voltar às suas mãos. Cabe observar que cada sessão da çapó tem várias rodadas da bebida, ou seja, a mulher do dono da casa (ou sua filha, ou sua neta) irá preparar várias cuias de çapó conforme a disposição dos visitantes e familiares para tomar çapó e conversar.
O çapó é a bebida que os Sateré-Mawé utilizam durante seus resguardos. As mulheres durante a menstruação, gravidez, pós-parto e luto e os homens na Festa da Tocandeira, no luto e quando acompanham suas mulheres durante o resguardo do pós-parto.
Pode-se dizer que é durante o fábrico, termo regional também utilizado pelos Sateré-Mawé para indicar as várias etapas do beneficiamento do guaraná, que a vida social se intensifica. A partir do que observamos, o fábrico potencializa ao máximo a maneira de ser desta sociedade, trazendo para a vida social cotidiana toda uma gama de fenômenos que se encontram ocultos ou obscuros em outras épocas do ano. É um período que se renova a cada ano com a chegada da colheita do guaraná, permitindo aos Sateré-Mawé comungarem com sua gênese mítica, revigorando-se etnicamente.



Cristina ralando çapó
© Sônia da Silva Lorenz


O ritual da Tocandira coincide com a época do fábrico e dura aproximadamente 20 dias. Os índios referem-se a este ritual como "meter a mão na luva", também conhecido pelos regionais como "Festa da Tocandira". Trata-se de um rito de passagem - onde os meninos tornam-se homens - de extraordinária importância para os Sateré-Mawé, com cantos de exaltação lírica para o trabalho e o amor, e cantos épicos ligados às guerras. As luvas utilizadas durante este ritual são tecidas em palha pintada com jenipapo, e adornadas com penas de arara e gavião; nelas, o iniciado enfia a mão para ser ferroado por dezenas de formigas tocandiras (Paraponera clavata).

O xibé mata fome

Esta criança Satere Mawe esta matando a sua fome com uma cuia de xibé,é o alimento mais encontrado nas aldeias Sateres.Todos plantam maniva na qual produzem a farinha de mandioca,da qual fazem o xibé.Colocam a farinha na cuia e pôem água e com uma colher fica mexendo a água pra que a farinha molhada em movimento seja engolido em quantidade.Inclusive já matei bem a fome com ela.A caça e a pesca nesta região é muito dificil de se encontrar.

A DANÇA DA TUCANDEIRA


Este rapaz indigena está fazendo um ritual do povo Satere mawe,chamado de dança da tucandeira,Conhecido no meio deles de (Aren’kuen’kuen).Esta festa se realiza uma vez por ano ,sempre nas noites de lua cheia,devido o luar.É marcado o dia e a noite onde vai ser feito a festa,vem indios de varias aldeias para participar deste ritual

doloroso.Nesta luva se coloca formigas tucandeiras de ambos os lados e chega a ter até duzentas, dependendo de quem coloca.Enquanto estão dançando zigizagiando,dois passos para frente e dois para trás em circulo feito elo de braço a braço.Só coloca as mãos quem quer mostrar a sua masculinidade forte,mulher não é permitido colocar as mãos.Mais tem crianças de oito a 10 anos que já participam do ritual, metendo a mão e dançando com a luva e as formigas ferrando o tempo todo.Um dia antes eles pintam as suas mãos com a enzima de uma árvore chamada jenipapo,pra que apareça mais bonito e que outras pessoas saibam que ele tomou decisão de enfia a mão na luva.Tem indio que durante a noite mete a mão pelo menos cinco vezes.Lá pelas madrugadas se ouvi gemidos para varios lugares na mata ou em barracões.Mais tem aqueles que não param de dançar e vão sendo levados pelos outros como que se estivesse desmaiado.Enquanto isso tem os cantores que puxam as canções que contam as  histórias dos seus ancestrais em repetições por longas horas.Se percebe que eles ficam como embriagados com o veneno das formigas gigantes.Ai´vem as cuias de guaraná ralado por uma india e um grande cigarro de tauari que fumega de boca em boca.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

FÉ E OBRA



 RELATORIO DE VISITAS DE 25 DE MAIO A 08 DE JUNHO DE 2011
Comunidades visitadas no decorrer desta viagem missionária em várias localidades do Municipio de Maués-Am.
01- Gastamos 15 horas de barco até Manancial.Dia 24 de maio chegamos no Manancial com o obreiro José Aldo e sua esposa Sandra.Neste dia não fizemos culto por que chegamos as oito horas da noite.Mas, no dia seguinte fizemos um culto com os irmãos que se encontravam naquele lugar.Durante o dia dia 25 fomos visitar os irmãos nas casas nas beiras dos rios do Igarapé –açu.Dia 26 fizemos o segundo culto.
02- dia 27 de maio voltamos à Maués para realizar alguns compromissos em comunicação com meu lider,e reeabastecer de combustivel e o nosso alimento.
03- Dia 28 de maio saímos em direção de Nova Jerusalém agora em uma outra direção completamente o posto dasprimeiras visitas.Aqui nesta comunidade se encontra o obreiro Cledinildo Pereira Coelho.Dei uma palavra seguido de um video sobre perseguição dos cristãos no mundo.Foi uma benção!
04- Dia 29 fomos pela parte da manhã a Monte Salém onde é a base,e é lá que eu tenho casa.Passamos a escola bíblica com os irmãos,pequei algumas coisas que eu estava precisando.
05- Dia 29 as duas horas tarde fomos para o Pantanal,uma congregação nossa dentro de um igarapé,chamado de Albino.Esperamos chegar a noite pra que os irmãos que estão trabalhando na floresta cheguem para exaltarmos po nome do Senhor Jesus.O obreiro deste lugar é o Rogerio e sua esposa Solani.
06- Dia 30 saímos as 10 horas da manhá para a área indigena,comunidade Vale do Quiinha.Ali o obreiro é o José Alves,casado com uma india sateré mawe.Esta comunidade jáme ameaçaram de me mandar embora por que eles dissem que eu não levo nada para eles.Eles querem igrejas que ajudem com gasolina,telhas,roupas,sapatos e outras coisas.E disse pra eles que não tenho bens pra dar pra eles.Mais tenho Jesus.E estou orando pra ver em que vai dar.
07- Dia 31 saímos as 10 horas para a comunidade (Vila Nova II).Ali o obreiro é o Dc.Leonardo e sua esposa Telma de Oliveira(são satere).Fizemos um culto abençoado,deu muita gente no culto a noite.Passamos os videos e demos uma palavra vinda do trono de Deus,e o povo ficou até o final.Parece que ainda queriam mais.
08- Dia 01 de junho fomos pra Vila Milagres cdentro do Marau,área indigena.Nesta comunidade dei posse do Pb.Jorge Cavalcante que vai ficar visitando está comunidade.O meu barco está ruim pra pegar pela manhã.Dá um trabalhão pra pegar,temos que botar um mata-bicho pra ele poder pegar.Mas,depois de muitas tentativa ele pega.E seguimos para outra comunidade.
09- Dia 02 saimos as 11 horas em direção à Monte Horebe,sede do Distrito Indígena.Obreiro deste lugar é o Pb Ezequiel e seu auxiliar Adilon.Pois ele é no mesmo tempo tuchaua da comunidade sateré mawe.O povo quase todos estavam pra  Maués fazendo compras,mas deu pra nós fazermos uma boa reunião com os que estavam ali.Pernoitamos no porto da comunidade no nosso barco hotel.Aleluia!
10- Dia 03 fomos depois das 13 horas ao Lago dos Santos.Ali o obreiro é o Pb.Martisio Filho e esposa.Vieram muitos irmãos para o culto.Nesta comunidade estamos com grandes dificuldades com  a matriarca,ela teve um pequeno problema com uma das suas filhas e expulsou quase todos os moradores da comunidade com suas ações de ignorancias.Depois do culto fomos assistir o filme (A prova de Fogo)
·         Estou com uma grande dificuldade entre os indios Saterés Mawes.Pois sempre estou com eles em visitas,só que eles já me cobraram não só a palavra mais ações da palavra.Até me ameaçaram com a minha expulsão da área,por que eu não levo aquilo que eles estão precisando:Como: Roupas,calçados,alimentos,telhas,poços artesianos,gasolina e igrejas equipadas com pisos etc...
·         Peço oração aos meus amigos,por essa tão grande obra.